Ditadura na Música Gospel

As rádios sempre foram e – acredito que serão –  o melhor meio de dissipação para a música gospel, como para a música em geral. Seu papel é basicamente executar as músicas que os ouvintes pedem e fornecer entretenimento nesta execução – em uma visão bem simplista. Isto faz com que seja um espelho fiel do desejo dos ouvintes.Correto?

Mas, e quando há um parasita interferindo na relação entre a rádio e o seu ouvinte?

Infelizmente este parasita trata-se das gravadoras de música gospel. Não entendeu? Vou te explicar.

A algum tempo atrás as gravadoras já vinham patrocinando algumas rádios, contudo o número de rádios atingidas por essa mazela musical era muito pequeno, quase imperceptível. O tempo passou e além do patrocínio as gravadoras passaram a comprar programas e tempo de transmissão. Esta situação foi evoluindo até o ponto em que se encontra hoje.

Ditadura na música gsopel

Algumas rádios chegam ao cúmulo de falar a frase “Desculpe, mas esta música não faz parte do nosso cash. Deseja pedir alguma outra?” quando um ouvinte pede uma música de algum artista que não faça parte da gravadora que “patrocina” aquela transmissão.

Sabemos muito bem como se faz um contrato publicitário, muitas vezes o contratante exige exclusividade e, se tratando de qualquer outro produto, é aceitável, mas a situação muda quando o produto é a música – uma arte. É de uma pobreza infinda limitar seu poder de entretenimento e o poder de escolha dos seus ouvintes em prol de alguns tostões, bons tostões – é verdade, mas ainda assim, apenas tostões se comparado com a grandeza da música gospel brasileira.

Algumas rádios vendera-se ao capitalismo, literalmente. Além das que são patrocinadas por gravadoras, têm aquelas que foram compradas por estas, o que é ainda pior.

Com as rádios “em suas mãos” as gravadoras podem tocar o que bem querem, e garanto que elas vão querer tocar aqueles lançamentos que elas tanto gastaram para produzir.

Toda esta limitação que as rádios de música gospel vivem, nos leva a um problema muito pior. Você já parou para pensar se uma música faz sucesso, ou fazem sucesso na música? Na situação das rádios hoje em dia posso afirmar que a segunda opção ilustra melhor a nossa realidade: Uma ditadura musical.

Radio GospelAcha exagero a afirmação anterior? Será mesmo? O que é a ditadura, se não a imposição de algo? Então se eu – gravadora – uso a rádio que eu comprei, ou patrocino, para tocar as músicas dos meus artistas eu estou ditando o que os meus ouvintes têm que escutar. Você nunca percebeu que todos os dias determinadas músicas tocam na rádio (em horários bem marcados) sem que ninguém peça? Algumas são pedidas em off – é verdade, mas não seria muita coincidência: que todos os dias algum ouvinte ligasse em off para pedir a mesma música; e mais coincidência ainda: exatamente naquele horário?

De fato este patrocínio exclusivo que as gravadoras estão fazendo, está prejudicando a democracia da rádio, e esta por sua vez deveria estar respeitando mais o seu ouvinte, pois na verdade é ele quem parga suas contas. Uma rádio com muitos, e fiéis, ouvintes pode conseguir o patrocínio que desejar. Não sendo necessário se render aos desejos capitalistas das gravadoras, que nem parecem fabricar música GOSPEL.

A época de ouro do “rádio gospel” está cada vez mais longe, o que vemos é uma época de cobre, que muitos teimam em confundir com ouro. Contraditório, já que vivemos um dos melhores momentos para a música gospel. E se as rádios não mudarem de postura quanto à forma de ganhar dinheiro, acho que a época de ouro para o nosso rádio, vai demorar um pouco mais.

Graças a Deus existem algumas exceções nas radiofrequências do Brasil, embora poucas. Para nos alegrar, surge uma nova categoria de rádio que, pelo menos por enquanto, está livre da ditadura musical das gravadoras. Estou falando das web-rádios. Bom, mas isso é assunto para outra matéria. Contudo é uma boa saída para esta situação deplorável em que as rádios se encontram.

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Imagens: www.everystockphoto.com

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